Boas práticas sobre alimentação escolar com países de língua portuguesa

Na última década, governos e parceiros fizeram progressos significativos na expansão da cobertura dos programas de alimentação escolar. No início de 2020, os programas nacionais de alimentação escolar entregavam refeições a mais crianças do que nunca, tornando a alimentação escolar a rede de segurança social mais extensa do mundo. Um em cada dois alunos, ou 388 milhões de estudantes, recebia refeições escolares diariamente em pelo menos 161 países. O avanço de programas de alimentação escolar em diversos países do mundo contrasta com o estado da insegurança alimentar mundial, que se acentuou, ao longo dos últimos anos, atingindo dados alarmantes: entre 702 milhões e 828 milhões de pessoas estão afetadas pela fome, um aumento de 150 milhões desde o início da pandemia de COVID-19. Em 2020, por exemplo, quase todos os países fecharam escolas, deixando 370 milhões de crianças em idade escolar sem acesso à única refeição da qual podiam depender. Projeta-se que cerca de 670 milhões de pessoas, ou 8% da população mundial, ainda estarão em situação de fome em 2030; 3,1 bilhões de pessoas não tiveram condições de manter dietas saudáveis em 2020; e, mesmo antes da crise sanitária, 73 milhões de crianças em idade escolar já estavam vivendo em situação de extrema pobreza e fome, sem acesso à alimentação escolar em 60 países. Ao longo do ano de 2022, a pandemia de COVID-19 continuou causando uma série de desafios a níveis global, regional, nacional e individual, afetando principalmente os países em desenvolvimento e, nesses, os grupos mais vulneráveis. Soma-se a isso o aumento da dívida pública, disrupções nas cadeias de valor, a volatilidade e o aumento nos preços internacionais de fertilizantes, combustíveis e alimentos, especialmente óleos e trigo. A guerra entre Ucrânia e Rússia exacerbou ainda mais o cenário desafiador, já afetado pela crise climática e pela desaceleração econômica. Frente a esse cenário, aumenta a necessidade de os países trabalharem juntos para compartilhar conhecimentos e coordenar estratégias para restabelecer e aprimorar seus programas de alimentação escolar, alavancando a assistência técnica por meio da cooperação Sul-Sul trilateral. Ao longo dos últimos anos, os países de língua portuguesa desenvolveram experiências nacionais consideradas boas práticas. Levando em consideração seus diferentes contextos e os contributos de seus planos estratégicos de país (Country Strategic Plans – CSP), elaborados em parceria com o Programa Mundial de Alimentos (WFP), esses países conseguiram desenvolver estratégias para diminuir a desnutrição crônica, a mánutrição e a pobreza.