2008
Language:
Portuguese

Análise do impacto do Programa Bolsa Família na oferta de trabalho dos homens e mulheres

Há consenso de que uma mudança na composição dos rendimentos de um domicílio causa alteração na disposição dos seus membros ao trabalho. A intensidade dessa mudança se apresenta como um aspecto relevante para determinar a partir de que ponto um aumento na renda domiciliar modifica, de fato, a oferta de trabalho. Entende-se por choque no orçamento um aumento súbito na renda domiciliar. A transferência recebida pelos domicílios beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF) do Governo Federal se encaixa nesse conceito e é tratada neste artigo como um choque orçamentário desvinculado dos rendimentos do trabalho. É interessante perceber que, enquanto alguns domicílios têm por única fonte de receita o benefício do PBF, em outros a transferência representa apenas um pequeno percentual do orçamento familiar. A intensidade do choque, a razão do valor da transferência do PBF sobre a renda domiciliar, provoca um efeito que pode ou não ser proporcional, a que denomina-se efeito-dose. Este artigo propõe-se a estimar o quão sensível são os homens e mulheres adultos, ocupados em diferentes nichos de trabalho, às intensidades de choque orçamentário, no que tange a oferta de horas trabalhadas. O cálculo do efeito médio do tratamento (Average Treatment Effect on the Treated – ATT) e a análise gráfica do efeito local do programa (Average Local Effect – ALE) permitem afirmar que, apesar do efeito médio ser negativo, ou seja, o Bolsa Família provoca redução da oferta de trabalho, este efeito não é uniforme dentre os grupos de indivíduos considerados.